Campeonato Paulista de 1993, fim do jejum de 16 anos do Palmeiras sem
títulos. Campeonato Brasileiro e Torneio Rio-São Paulo do mesmo ano. Em
1994, o bicampeonato estadual e nacional. Esse foi apenas o começo do
atacante Evair com a camisa do Palmeiras. Chegada em 1991, o afastamento
pelo técnico Nelsinho Baptista, a pressão da torcida alviverde por
conquistas e a volta por cima no Verdão. Em 1999, o retorno ao clube que
tanto amou, após passar um período na Portuguesa, e a glória da
conquista do maior título do Verdão: a Taça Libertadores da América.
Confira abaixo um bate-papo
exclusivo com o eterno camisa 9 alviverde, Evair, que contou como foi o
seu difícil início no Palmeiras, a glória da final do Campeonato
Paulista de 1993, artilharia e a Libertadores de 1993. O atacante também
projetou como serão os próximos 100 anos do Alviverde Imponente.
Chegada no Palmeiras
"Minha referência de Palmeiras
era de um time precisando de um título importante, uma cobrança muito
grande. Minha chegada aqui foi muito desgastante. Era uma dificuldade a
mais. O nosso dia a dia era muito grande. A gente sentia na pele a
cobrança do torcedor, imprensa, então aos poucos fomos nos adaptando a
situação, mas sabíamos que ia ser muito difícil".
Palmeiras e Parmalat
"Apesar de ser uma novidade na
época, eu acho que melhorou muita coisa. Existia um relacionamento muito
grande entre diretoria, jogadores e imprensa. A partir da chegada da
Parmalat houve um diálogo melhor, uma oportunidade de conhecer melhor os
jogadores. Foi mais fácil a convivência. Isso nos deixou com uma
esperança muito grande de que tudo ia melhorar"
"O time tava muito mal em 1991 e o
Campeonato Brasileiro começou muito ruim para nós, e ele precisava
tomar uma atitude. E nessa atitude ele resolveu afastar quatro
jogadores. E eu estava entre eles. Por isso que eu digo que jogar no
Palmeiras é muito difícil por isso. Você precisa provar todos os dias
que você é o melhor, que você é bom, você não tem muito tempo para
erros. Foi uma situação que desgastou bastante, mas que serviu para dar a
volta por cima depois".
Bastidores da final do Campeonato Paulista contra o Corinthians
“Já em 1992 o Palmeiras chegou a
final e perdeu. Aquilo nos deixou com gostinho de campeões. No ano
seguinte não. As contratações vieram para as posições que precisávamos, a
comissão técnica muito bem preparada, um esquema de jogo definido.
Sabíamos do que queríamos no início da competição. Quando chegamos na
final eu já estava parado a muito tempo, mas houve a oportunidade de
ficar no banco. Perdemos o jogo, entrei naquela partida, quase
empatados. E fomos pra segunda partida, aquela coisa, só vivenciávamos
isso. Nossa rotina era dormir, comer e pensar na partida.”
Gol de Viola e comemoração polêmica
“Ajudou muito. Aquele vídeo foi
mostrado na preleção, foi muito comentado durante a semana. Sempre se
tira uma motivação a mais, uma coisa a mais dessas situações. E esse foi
um dos momentos que pudemos tirar um pouco de vantagem, isso fez com
que o time se motivasse mais. Foi importante também ver essa situação,
esse tipo de coisa. Poderia ter passado em branco, não precisava ter
feito aquele tipo de coisa.”12 de junho de 1993
“Nós sabíamos que íamos sair
daquele campo carregados, de uma maneira ou de outra. Ou carregados de
exaustos ou pela conquistas. Ninguém tinha dúvida nenhuma”.
“O gigante acordou dali pra
frente. Precisava de títulos importantes. No mesmo ano quebrou o tabu do
Brasileiro, 22 anos sem ganhar. Depois veio o bicampeonato paulista,
Brasileiro e o Rio-São Paulo. Então, voltou a ser gigante. Eu tenho o
maior orgulho de fazer parte dessa história.”
Trabalho com Vanderlei Luxemburgo
“Era um profissional extremamente
motivador, capacitado, entregue totalmente ao trabalho do dia a dia,
muito detalhista, dentro e fora de campo. Era um profissional acima da
média, e pra mim continua sendo um dos melhores do Brasil. O que ele fez
dentro do Palmeiras é inesquecível.”
Volta ao Palmeiras e título da Libertadores em 1999
“A minha segunda passagem já foi
mais tranquila. Já peguei um time campeão da Copa do Brasil, que iria
disputar a Libertadores. O ambiente é mais agradável, já não tinha
aquela cobrança. Mas também com a esperança de conquistar um título
importante. E ele veio num momento importante do Palmeiras e pra mim,
que estava voltando, que fez mexer com aquele sentimento de conquistas
do palmeirense”.
Final contra o Deportivo Cali
“Lembro muito bem. Estava
abarrotado. Não cabia mais ninguém. Fiquei no banco de reservas, e
quando fui chamado, a torcida fez um alvoroço e aquilo fica muito nítido
na memória. Entrei em campo, bati um pênalti e fui expulso, então tive
que acompanhar o restante da decisão no vestiário. Então, foi um dia em
que se misturaram todas as emoções que o ser humano pode ter. Aquela
ansiedade de estar de fora, adrenalina de fazer o gol de repente ir para
o vestiário e receber a notícia do título”.
Relação com Felipão
“Muito competente e capacitado
pelas coisas do dia a dia. Também extremamente detalhista, entendedor da
parte tática, muito bem orientado por aquilo que precisava ser feito. O
grupo confiança nele, então é realmente vencedor”.
Por que ídolo do Palmeiras?
“Eu bati pênaltis importantes,
eu fiz gols importantes, ajudei a conquistar títulos importantes, mas
acho que o fato deu entrar em campo e honrar essa camisa, lutar por ela
todos os jogos, a cada bola, a cada centímetro, talvez tenha feito o
palmeirense me respeitar.”
100 anos de Palmeiras para Evair
“Uma mistura de sentimentos. Eu
passei tudo o que um ser humano, tudo o que um jogador de futebol pode
passar dentro de um clube. De ser afastado e de ser campeão. Pra mim é
um orgulho de fazer parte dessa história, de ter feito parte. O
Palmeiras significa algo inesquecível”.
Próximos 100 anos
“Acho que a minha história se
confunde com a do torcedor palmeirense, de luta, de tentar de novo, de
insistir. Eu escreveria como uma história de um vencedor, vendo isso
aqui lotado (a entrevista foi feita no Allianz Parque), e o Palmeiras
lutando por títulos importantes. Se fosse pra reescrever essa história
pra mim seria dessa maneira”.
Evair e Palmeiras em poucas palavras
“É difícil, é difícil. Eu, todo
dia, encontro um palmeirense e recebo uma homenagem. Então não tem como
resumir em uma palavra. O sentimento é grande demais pra resumir. O
Palmeiras é eterno, não tem como resumir o que passei, o que eu sinto, o
que o clube significa. Só posso dizer muito obrigado pelas alegrias que
tive aqui”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário