O Grêmio deve aceitar a
punição como forma de mandar uma mensagem clara a seus torcedores e ao
mundo de que não aceitará um comportamento racista. O pedido é da
principal entidade de combate ao racismo no futebol, a Fare, com sede em
Londres. Em declarações à reportagem, Piara Powar, secretário-geral da
entidade, elogiou a decisão sobre o time gaúcho e apontou que a medida
pode se transformar em exemplo no mundo.
Os atos de injúria
racial sofridos pelo goleiro Aranha, do Santos, decretaram a eliminação
do Grêmio da Copa do Brasil. A decisão foi da 3ª Comissão Disciplinar do
Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em julgamento na
quarta-feira. O clube pode recorrer da decisão.
Mas, para a Fare, a renúncia desse direito seria a mensagem mais forte
que o clube poderia dar. "Clubes precisam aceitar a punição. Entendo que
existem considerações no que se refere à renda e esgotar os trâmites
judiciais. Mas se a direção do Grêmio quer dar um recado, que aceite a
decisão", declarou Powar.
Para ele, países em todo o mundo vão
olhar a decisão com "interesse". "Muita gente vai ver a medida como uma
mensagem de que devem copiar", disse. "Claro que é vergonhoso que um
incidente ocorra. Mas é bom lidar com ele", insistiu. "Ações duras são
necessárias e espero que essa decisão desperte o Brasil para o problema
do racismo", declarou Powar.
Na sua avaliação, existe um
estereótipo feito sobre o Brasil de que, no País, o racismo não existe e
muito menos no futebol. "Existe a percepção de que o Brasil é uma
cultura multiétnica e que, no futebol, samba e etc, não há racismo. Mas
muita gente ficou surpresa ao ver o perfil dos torcedores que foram aos
jogos da Copa do Mundo", disse. "O racismo no futebol reflete realidades
sociais", completou.
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