quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Quanto custa a tradição?




A questão que dá título a esse texto tem sido amplamente repetida nos Estados Unidos. A NBA precisa de dinheiro, a mídia precisa da NBA. A equação praticamente perfeita deu como resultado a possibilidade real de que os uniformes das franquias passem a contar com patrocínios. É quase perfeita porque esbarra em um detalhe deixado de lado por quem sentou para negociar, mas lembrado por quem é fã: a tradição.

O Sports Business Daily informa que, no bilionário contrato de US$ 24 bilhões firmado entre NBA e Turner, existirá a possibilidade de que a companhia de mídia venda espaço para patrocinadores explorarem as camisas das franquias. O anúncio gerou revolta dos fãs e silêncio da liga, mas carrega muito mais do que um embate entre a tradição e os novos tempos. Coloca, frente a frente, o destino da NBA em um curto prazo.

Marquemos a liga com a aposentadoria de Michael Jordan após o hexacampeonato com o Chicago Bulls. Feito isso, saibamos que desde então os jogadores pararam em greve por duas oportunidades, em 1999 e 2011. O lockout, como é chamado lá nos EUA, consiste em nada menos do que uma paralisação para que os jogadores e os donos das franquias negociem basicamente o teto salarial e as regras para que os rendimentos sejam pagos. Em ambas as negociações, vitória para os atletas e temporada diminuídas por conta da paralisação.


Pois bem, a entrada do dinheiro do patrocínio, em um primeiro momento, traz a falsa sensação de que pode ser solução para negociações futuras. Não é. O anúncio da quantia já gerou revolta entre jogadores, que consideram hipócrita a postura dos donos do time de negar aumentos salariais ao passo que cada vez mais dinheiro entra. Justo? Talvez. Mas a postura mostra que as próximas negociações serão ainda mais difíceis, que os atletas deverão tentar aumentar o teto. Mas a NBA, em seu sistema de franquias, é negócio. E negócios, claro, têm que levar ao lucro. Pois bem, a guerra está armada.

Neste momento, então, a questão dos patrocínios é crucial. Reza a lenda que os anúncios terão 6cm por 6cm, espaço pequeno se comparado ao que acontece com times de futebol, por exemplo. Mas são espaços valiosos e que farão a guerra entre donos de franquias  e jogadores só aumente. Pois bem, será cobrado cada vez mais dinheiro para atletas, ao passo que os proprietários dos times irão querer lucrar mais. Os patrocínios, então, me soam como falsa solução. Trarão apenas mais problemas, uma vez que a injeção de dinheiro é um paleativo que aumenta bastante uma tensão já bastante delicada.



Nisso tudo é necessário ponderar que a NBA abandona de vez uma postura tradicional. Os fãs acusam a liga de estar se vendendo de vez. Talvez seja verdade. E afirmam, com razão, que tradição não tem preço. Mas a tradição aqui me parece apenas uma grão de areia esquecido no meio do deserto. O olhar mais profundo leva a resposta óbvia para o questionamento inicial: tradição não tem preço, mas alguém tem que pagar as contas. O perigo, no entanto, é claro e transparente: quanto mais se vender, mais a NBA estará vulnerável. Nunca 6 cm tiveram potencial de estrago tão grande. 
Fonte: yahoo esportes

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